A expressão não é portuguesa e a tradução simplesmente não diz o suficiente. Hoje foi um dia que começou tal como os outros bem cedo para aproveitar o máximo e percorrer uns quantos quilómetros. A primeira paragem foi no Wadi Bani Khalid, na última publicação referi que a tradução de wadi é desfiladeiro quando na verdade significa caminho de água, no caso dos wadi que dão acesso à gruta de Al Hoota, estes estão secos durante a maior parte do tempo e apenas recebem água quando chove, em outros casos os wadi têm sempre água.
O Wadi Bani Khalid é o mais conhecido da região de Sharqiyah a sudoeste de Nizwa, é um wadi que tem um curso de água constante dividido em 3 piscinas, a piscina maior, e mais conhecida pelos turistas está interdita às mulheres pois é uma piscina comum, andando umas 3 centenas de metros encontra-se outra piscina natural mais protegida onde as mulheres se podem banhar. A terceira piscina encontra-se dentro de uma gruta estreita a cerca de 1km da piscina principal que não pudemos visitar por falta de tempo. Infelizmente e tal como acontece em muitos encontros internacionais tenta-se mostrar o mais possível, mas fica sempre algo para trás. A região é bastante recatada tendo que entrar numa cordilheira de montanhas de cascalho onde se podem ver rasgos de pedras verdes, estas pedras são Ofiolites, basicamente é fundo marinho arrastado para o interior da terra por movimentos tectónicos à milhões de anos, à semelhança do que aconteceu com os Himalaias onde se podem encontrar fósseis marinhos a milhares de metros de altura.
Após a saída do wadi dirigimo-nos mais para o interior em direção às areias do Wahiba, uma região desértica a cerca de 4 horas de viagem de Muscat com uma área de aproximadamente 112000km2 a norte e 118000km2 a sul, tem cerca de 150 espécies de plantas e cerca de 200 de animais entre pássaros, lagartos, cobras e escorpiões, os locais dizem que é possível agendar travessias no deserto em jipe, o caminho curto leva cerca de 3 horas, o longo 8 horas. Segundo o nosso guia, o nome Wahiba é mal atribuído pois corresponde a uma abastada família que existiu na região, toda a região deveria ser antes chamada de Sharqiyah. Antes do inicio da aventura no deserto foi necessário baixar a pressão dos pneus dos veículos todo o terro onde estávamos para que não ficassem atolados.
Pouco após a entrada no deserto parámos para o almoço num acampamento beduíno, existem cerca de 3000 beduínos ainda a viver nestas regiões isoladas e inóspitas apesar de alguns já viverem à margem do deserto em populações fixas como a localidade de Bediya. Mais uma vez o almoço constituiu numa oferta de frango assado, peixe com especiarias e cabrito, e claro cavernoso que se preze tem que provar um pouco de tudo.
Após o almoço ainda houve tempo para uma voltinha de dromedário com os animais da família que nos acolheu. Animais realmente dóceis pelo menos estes que nos acompanharam, a única parte mais complicada é o levantar e baixar que balança como um barco em dia de temporal.
Regressando aos veículos de 4 rodas, dirigimo-nos mais para o interior do deserto para uma pequena sessão de Dunes Bashing, o nome é atrativo e há alguma adrenalina na sensação de subir uma duna a grande velocidade, tudo para chegar a tempo do que apenas posso descrever como uma das melhores sensações que alguma vez tive o privilégio de ter, o por de sol no deserto, realmente é algo impossível de descrever, há que vivenciar, é daquelas coisas que merecem um lugar de destaque na bucket list de todos (vejam as fotos completas na nossa página de Facebook).
Daí seguimos para o acampamento das 1000 noites (1000 nights camp), uma instalação hoteleira, 40 kms dentro do deserto com tendas bastante confortáveis que dão uma excelente escapadinha romântica para os mais aventureiros. O pormenor mais engraçado e curioso destas realmente é a falta de teto na casa de banho e tomar banho nunca mais será o mesmo depois de se tomar um banho à luz da lua enquanto se sente a ligeira brisa do deserto numa noite de novembro que apesar de infelizmente não ter lua cheia que deverá dar um impacto ainda maior, parecia uma qualquer noite de verão.
Ao jantar repetem-se as mesmas opções com variações na forma de preparação, desta vez calhou um caril de frango com salada, salada de frango e ananás, hammas (que segundo alguns companheiros de viagem é uma variação de hummus com o que pareceu ser grão de bico pelo sabor), pão, batata assada e arroz de romã.